Como a psicologia se constitui como ciência e como ela entra na saúde?

Razão
O objeto na psicologia, naquele momento, era o lugar da razão na mente humana.

Inconsciente
Depois, há a entrada do inconsciente como lugar em que se produz verdades.
O lugar da mente não está dado em uma parte física do corpo biológico.

Como o humano se constitui como humano pela razão
X
O humano se constitui como humano justamente pela “desrazão”

Psicotécnicas
Os testes vêm para mapear uma certa lógica de comportamentos segundo algumas definições e procedimentos.

“Assim, vimos que a Psicologia enquanto ciência moderna incita um movimento de privatização da existência e da experiência quando localiza o sujeito em uma dimensão de interioridade do indivíduo – razão e inconsciente –, o que reforça e forja a individualização das existências, pois se foca no indivíduo. Ao mesmo tempo, as psicotécnicas aplicadas investem nas populações por meio de epidemiologias psíquicas que tornam esse indivíduo um objeto público quando considerado em população, tomado em sua dimensão pública de relação com o outro.”

“Nesse sentido, quando forjamos cidadãos psicológicos, o fazemos a partir do campo da Psicologia por meio de uma libertação dessa interioridade considerada constituinte do indivíduo. Então, opera-se tanto na direção de uma privatização da existência quanto de uma publicização de interioridades que devem ser expostas como modo de se ter um cidadão saudável, mas a ênfase está nos indivíduos.”



E como parte-se da noção de indivíduo para se pensar no coletivo?

E na contemporaneidade?

Porém, houve mudanças dessas concepções... Por volta de 1960, encontramos uma mobilização popular em torno de questões sociais. Posteriormente, há também a criação do SUS, e diversas outras mudanças em nosso sistema de saúde.

“Em 1991, a OMS atualiza o princípio de promoção de saúde, incorporando a questão do desenvolvimento econômico e social. Saúde passa a ser descrita como um estado de bem-estar físico, psíquico e social, em consonância com as discussões sobre meio ambiente, ou seja, saúde ambiental como prioridade social.”

“No Brasil, a implantação do Sistema Único de Saúde acarreta uma série de discussões tanto no âmbito epistemológico, quanto no metodológico. [...] A Psicologia passa, então, a figurar nas conferências de saúde e nos estabelecimentos da rede pública de saúde, reorganizando as práticas psicológicas tanto no sentido acadêmico e curricular quanto no de mercado de trabalho.”

“O que é importante enfatizar, aqui, é que não se trata apenas de uma concepção de conhecimento, mas de uma edificação que produziu marcadores na forma de os sujeitos reconhecerem-se e relacionarem-se consigo mesmos, ou seja, as diretrizes de integralidade e interdisciplinaridade propostas pelo SUS criam a necessidade de articulação entre campos de saber distintos na saúde pública – Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Fonaudiologia, Terapia Ocupacional, Educação Física –, não se restringindo unicamente à Medicina, ao saber médico. “Saúde para todos” ou “todos devemos buscar saúde” são mais do que enunciações no momento em que se tornam uma prática cotidiana, uma ação social para encaminhar indivíduos em direção à saúde, a uma vida com mais saúde, entendendo que esta é tanto biológica quanto psicológica e social.”


A psicologia é cada vez mais solicitada a responder à demandas muito específicas e a dar conta dessas novas demandas. Ela é também cada vez mais convocada a participar, a problematizar, a refletir e constantemente repensar inclusive seu próprio papel e sua prática. É um exercício constante de (re)construção de seu papel na política, na saúde, na academia, no SUS, etc,...